Importância da PCT no Diagnóstico de Sépsis em Pacientes Oncológicos Internados na UCI
Abstract
No presente estudo foi avaliado o comportamento de biomarcadores na
condição de sépsis, numa série de doentes internados entre 2012 e 2013 na
Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do Instituto Português de Oncologia do
Porto Francisco Gentil (IPOPFG).
O objetivo principal do mesmo foi associar os valores séricos dos
biomarcadores como a Procalcitonina (PCT), Proteína-C reativa (PCR) e
contagem de Leucócitos (WBC) com o diagnóstico de sépsis. Para tal foi
necessário alcançar outros objetivos: analisar os resultados de PCT, PCR e
WBC na série de doentes em estudo; estudar a associação entre os valores
destes biomarcadores com os resultados microbiológicos, nomeadamente com
as hemoculturas; avaliar a sensibilidade e especificidade dos valores cut off de
PCT, PCR e WBC, adotados pela Instituição, para a condição de sépsis.
Do total de 273 pacientes incluídos neste estudo, foram selecionados para
análise estatística 225 com exame microbiológico realizado e não sujeitos a
transplante de medula óssea.
Da análise dos resultados foi possível concluir que tanto a PCT como a PCR,
estavam associadas com o diagnóstico precoce de sépsis. A contagem de
WBC revelou não ser uma mais valia para este diagnóstico.
Nenhum biomarcador em estudo revelou uma associação estatisticamente
significativa para os agentes microbiológicos, registando-se, no entanto, um
ligeiro aumento das bactérias Gram-negativas nos casos com PCT alta.
Verificou-se também que em relação aos produtos microbiológicos,
particularmente para as hemoculturas, mais de metade dos casos com PCT
alta revelaram hemoculturas negativas apesar do diagnóstico de sépsis.
A análise da sensibilidade e especificidade dos vários biomarcadores, revelou
que apenas a PCT apresentou um comportamento estatisticamente satisfatório
(AUC de 0,788) possibilitando, ao diagnóstico, a distinção entre sépsis e SIRS.
Neste sentido, o valor cut off em uso nesta Instituição para esta variável,
revelou para a PCT baixa uma sensibilidade e especificidade de 0,811 e 0,543
respetivamente, e para PCT alta uma sensibilidade e especificidade de 0,632 e
0,853, respetivamente. O cut off da PCT (19ng/mL), encontrado neste estudo,
revelou ser um coadjuvante no diagnóstico de sépsis com capacidade de
orientar de uma forma mais precisa qual o agente etiológico causador desta
infeção, uma vez que: todos os pacientes com concentrações de PCT acima
deste valor apresentaram o diagnóstico de sépsis e, na sua grande maioria
(80,7%), estavam associados a infeções por bactérias Gram-negativas,
especialmente, Enterobacteriaceae