Crenças parentais, sobre punição física entre os 5-12 anos, numa amostra de pais da província de Benguela/Angola
Abstract
Angola, como qualquer outro país, possui as suas crenças, algo em que o povo acredita e preserva na sua cultura. Angola tem aspetos das tradições afro bantu (pois participa do grupo dos bantus, que é constituído por vários grupos etnolinguísticos, principalmente localizados na África Subsariana), que envolve a crença em divindades relacionadas à natureza, criadas por Deus; utiliza-se muitos dos ensinamentos de medicina herbal/natural herdada dos antigos curandeiros; acredita na sobrevivência do homem após a morte; vê sacrificar animais como obrigações ritualísticas e nutricionais; tem como principais ritos/ cerimónias a passagem para a puberdade e ritos fúnebres e outros aspetos afins. A educação das crianças e o controlo do seu comportamento, obviamente que se situa numa prática parental e não podia deixar de ter algumas crenças sobre o que os pais acham na melhor forma de educar. Assim, a presente pesquisa circunscreve-se às Crenças parentais sobre punição física, numa amostra de pais de crianças entre os 5-12 anos da província de Benguela/Angola. O estudo baseou-se numa pesquisa tipo descritiva e explicativa e abrangeu 450 sujeitos (225 pais e 225 mães de crianças entre os 5 a 12 anos). Podemos caracterizar a amostra como pais numa faixa etária dos 19 aos 68 anos. Quanto à escolaridade, na sua maioria tem o ensino médio (50,5%) e ensino secundário (24,8%); a condição de solteiros teve a pontuação mais alta; são as profissões de Doméstica e de Professorado que mais predominaram. No que tange ao número de filhos a esmagadora maioria apresenta 1 a 5 filhos. Analisar e compreender em que medida a punição física é uma prática educativa positiva ou não, é ainda controverso nos nossos dias, pois ainda persiste o enraizamento de crenças como: “ se não se puder castigar nos filhos, estes terão uma educação permissiva e sem limites”.
Os resultados obtidos, indicam que o estado civil e a faixa etária não tiveram significância em relação às crenças; os pais com escolaridade mais baixa legitimam mais as crenças sobre a punição; os profissionais do ensino, saúde e as domésticas tiveram valores mais baixos que os outros profissionais na legitimação das crenças.
Em função destas constatações, traçar-se-ão sugestões aos Centros Infantis, Direções de Escolas e todos os campos educacionais em relação às crenças sobre os castigos físicos e que consequências podem advir para a vida da criança.