Análise dos factores responsáveis na posição relativa da papila interproximal em pacientes pré-tratamento ortodôntico
Abstract
Este estudo objetivou avaliar a posição relativa da papila interproximal de
acordo com o género, morfologia coronária, distância crista óssea-ponto de contacto,
angulação inter-radicular e distância inter-radicular, em pacientes em pré-tratamento
ortodôntico. A posição relativa da papila interproximal foi avaliada em fotografias
intra-orais e a sua relação com a morfologia coronária, distância crista óssea-ponto de
contacto, angulação inter-radicular e distância inter-radicular observada através de
medições recorrendo à ortopantomografia digital calibrada.
Materiais e Métodos
Foram avaliados 164 espaços interdentários entre os dentes 13 e 23, de ambos
os géneros, correspondentes a 34 pacientes, com idades compreendidas entre os 18 e
os 35 anos. Os pacientes foram divididos em grupos segundo o índice da classificação
de Jemt: Grupo 0,Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3. Foram testadas hipóteses sobre a
distribuição de variáveis contínuas com distribuição não normal através da utilização
dos testes não paramétricos de Mann-Whitney e kruskall-Wallis. Para testar hipóteses
sobre a independência de variáveis categóricas foi aplicado o teste de Qui-quadrado
de independência ou teste Exato de Qui-quadrado (teste Exato de Fisher). Em todos os
testes de hipóteses foi considerado um nível de significância de =5%.
Resultados e Conclusões
Segundo a metodologia descrita e mediante os resultados obtidos no presente
estudo, podemos formular que a etiologia do “Black triangle” é multifatorial, podendo
ser ainda influenciado em maior ou menor grau por alterações dimensionais da papila
durante o tratamento ortodôntico, espessura dos tecidos moles e a idade.
Pacientes com uma morfologia coronária triangular são mais suscetíveis no
aparecimento de triângulos negros. A distância entre a crista óssea e o ponto de
contacto é diretamente proporcional à perda de papila interdentária. Quando a
distância foi menor do que 4,6 mm, a papila interproximal estava presente em 100%
dos casos. A partir daí, à medida que esta distância aumenta existe maior
probabilidade de incompleta presença de papila, sendo mais severa em casos de
distâncias mais elevadas. No estudo vigente, a distância entre a crista óssea e a base
do ponto de contacto parece ser o principal indicador para a completa presença ou
ausência de papila interdentária, ainda que seja afetada por outros factores, como a
morfologia coronária e a distância e divergência radicular.