Estudo antropo-radiológico forense de uma múmia egípcia
Abstract
A descoberta da radiação X foi um dos grandes marcos para a ciência, nomeadamente para a Radiologia. Nunca se imaginaria que a simples imagem da mão da esposa do cientista Röntgen, poderia ter o impacto que teve no mundo científico. A aplicabilidade desta valência vai para além do diagnóstico na medicina, encontrando-se articulada com ciências como a química, a biologia, a arquitectura, a antropologia, a arqueologia, a história entre outras ciências. No estudo de antigas civilizações, a Radiologia pode desempenhar um papel importantíssimo para o conhecimento das tradições, dos costumes ou até mesmo dos hábitos alimentares.
A civilização Egípcia sempre esteve envolvida em grande mistério. Grande parte do seu património foi descoberta através das areias do deserto. Pode pensar-se que é uma simples retórica, mas a verdade, é que o interesse que foi mostrado pelos arqueólogos nos palácios, monumentos, templos e mesmo nos locais de habitação encontrava-se parcialmente coberto pelas areias do deserto, abandono e esquecimento esse que poderá ter contribuído para a sua preservação. Toda a informação recolhida destas maravilhosas colecções contribuem para a reconstrução da História daquele país, nascido à volta do Nilo, que o alimentava entre os desertos. Os monumentos funerários, com as magníficas representações de cenas do quotidiano, as indicações dos vários hábitos diários e as ocupações deste povo permitem um conhecimento mais aprofundado desta civilização.
Este trabalho tem como objectivo estudo estudo antropo-radiológico forense de um património histórico desta civilização, nomeadamente uma Múmia Egípcia. Para tal, foi utilizada a técnica de Radiologia Convencional e auxílio de algumas imagens de Tomografia Compurizada, e aplicação de metodologias antropométricas como a técnica de Olivier. E através do uso da radiologia digital, foi possível a aplicação desta técnica. Com este objecto de estudo realizamos um estudo antropológico pretendendo-se determinar a identificação biológica do corpo mumificado, nomeadamente o sexo, a idade à morte, a estatura e a raça, utilizando técnicas não invasivas de Radiologia para esta determinação. Foi-nos possível com o auxílio da radiologia os estudo de alguns dos parâmetros da identificação biológica. Facilmente com a aplicabilidade das imagens efectuadas determinaram que o individuo pertence ao sexo masculino com idade compreendida entre 20-25 anos, com uma estatura aproximada de 168 cm. A afinidade populacional foi um parâmetro que se tornou inconclusivo e incompleto, mas que se aproximou de uma indivíduo caucasiano. Para além dos parâmetros biológicos foi importante neste trabalho o estudo de outras ciências que foram um complemento ao estudo. Este estudo a nível forense pretende contribuir para a articulação da Radiologia na identificação antropológica. Através do recurso de imagens radiológicas podemos determinar vários aspectos biológicos e causa de morte do corpo mumificado sem a necessidade da sua manipulação física.