Ajustamento psicossocial e morbilidade psiquiátrica em adolescentes e jovens adultos com cardiopatias congénitas
Abstract
estudar o ajustamento psicossocial e morbilidade psiquiátrica de adolescentes e jovens adultos com Cardiopatias Congénitas (CC).
Métodos: participaram 107 pacientes com cardiopatias congénitas, com idades
compreendidas entre os 12 e os 26 anos de idade (média = 16,45 ± 2,770). A recolha dos dados demográficos e clínicos foi realizada num único momento temporal, tendo sido aplicado um conjunto de instrumentos incluindo uma entrevista semi-estruturada, para pacientes com idade até aos 18 anos foi preenchido o Youth Self Report (YSR) e Child Behaviour Checklist (CBCL) e para pacientes com mais de 18 anos preencheram-se os questionários Adult Self Report (ASR) e Adult Behavior Checklist (ABCL), uma entrevista psiquiátrica estandardizada (SADS-L) e um questionário de Personalidade (NEO-FFI versão reduzida).
Resultados: Nesta investigação verificou-se uma prevalência de 9,3% relativamente à existência de psicopatologia enquanto outros estudos revelaram um valor de 10% de prevalência psiquiátrica na população em geral. Estes valores podem traduzir-se numa relação entre Cardiopatias congénitas e a existência de psicopatologia. Revelou-se também uma maior prevalecia do sexo feminino (11,1%) aquando da existência de psicopatologia. Pacientes do sexo feminino, comparativamente ao sexo masculino, apresentaram valores superiores relativamente a queixas somáticas (u=1065,500; p=0,035), ansiedade/depressão (u=1051,500; p=0,029), alteração de pensamento
(u=1070,000; p=0,033) e internalização (u=947,500; p=0,005) traduzindo-se num pior ajustamento psicossocial.
Pacientes submetidos a duas ou mais intervenções cirúrgicas apresentam valores superiores relativamente ao comportamento delinquente (u=413,000; p=0,005); pacientes com competência física limitada têm valores elevados em queixas somáticas (u=973,500; p=0.011) e os pacientes com percurso escolar insatisfatório apresentam
valores superiores no isolamento (u=775,000; p=0,007) e internalização (u=811,500; p=0,017) apresentando assim pior ajustamento psicossocial.
Conclusões: É possível concluir que os pacientes com CC do sexo feminino revelam maior probabilidade de apresentar uma psicopatologia. Pacientes submetidos a duas ou mais intervenções cirúrgicas, com competência física limitada e um percurso escolar insatisfatório apresentam pior ajustamento psicossocial.