Variáveis psicossociais nas doenças cardíacas congénitas
Abstract
Estudar o desempenho neurocognitivo (DP) de pacientes com cardiopatias
congénitas (CC) e determinar se está relacionado com parâmetros do desenvolvimento
fetal registrados ao nascer, perímetro cefálico (PC), peso (P) e comprimento (C) e os
parâmetros neonatais (APGAR 1, 5); estudar a sua qualidade de vida (QV), a
morbilidade psiquiátrica (MP), o ajustamento psicossocial (AP) e traços de
personalidade (TP).
Participaram 266 pacientes com CC, 148 do sexo masculino, com idades
compreendidas entre os 12 e os 30 anos (média= 16.00 ±3.22), 103 cianóticos e 119
indivíduos do grupo de controlo (56 homens, média de idade=18.41 ±3.20). Foram
recolhidos dados clínicos. Na avaliação neuropsicológica foram incluídos a prova de
dígitos e a prova de código de Weschler (direto e indireto), a Figura Complexa de Rey, a
prova da procura da chave da BADS, o teste de cores e palavras (Stroop), o Trail
Making Test (A, B), e a prova de memória lógica. Os participantes foram entrevistados
sobre o suporte social, estilo educativo, imagem corporal, limitações físicas, entrevista
psiquiátrica completa (SADS-L) e questionários de auto-avaliação sobre a QV
(WHOWOL-BREF), o AP (YSR e ASR) e TP (NEO-FFI). Também foram recolhidos o
PC, o P e o C e o APGAR.
Pacientes com CC têm pior DP que o grupo de controlo; menor peso
registado ao nascer e menor relato de externalização são preditores de um pior DP;
menor amabilidade como traço de personalidade é o único preditor da MP e QV mais
pobre; em termos de AP no auto-relato, menor amabilidade, ser do sexo feminino e
relatar uma competência física limitada prevê uma capacidade inferior de
internalização, e menor idade e desempenho escolar insatisfatório prevê uma capacidade
de externalização mais pobre; finalmente, os cuidadores relatam os cuidados intensivos
como preditores de uma pior capacidade de externalização.