Qualidade de vida de adolescentes e jovens adultos com cardiopatia congénita
Abstract
Avaliar a QV numa população de adolescentes e jovens adultos com CC;
investigar o desempenho escolar, suporte social e familiar, limitações físicas e imagem
corporal destes participantes. Métodos: participaram 107 pacientes com CC, dos quais
62 eram do sexo masculino e 45 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os
12 e os 26 anos (média= 16,45± 2,770). Os participantes foram entrevistados sobre o
apoio social, o estilo educacional da família, a autoimagem e as limitações físicas. Foram
recolhidos os dados clínicos e demográficos mais relevantes e foi aplicado um conjunto
de instrumentos constituído por uma entrevista semiestruturada, uma entrevista
psiquiátrica estandardizada (SADS-L), um questionário de avaliação da QV (WHOQOLBREF) e um questionário de avaliação da personalidade (NEO-PI-R). Resultados:
Observou-se que população recolhida demonstra melhor QV que a população geral no
domínio Relações Sociais (t=2,890; p=0,005) e pior QV no domínio Físico (t=-5,719;
p=0,000). No entanto, não foram encontradas diferenças na QV quando analisados
aspetos como terapia farmacológica, intervenção cirúrgica, suporte social e gravidade da
CC. A realização de 2, ou mais, cirurgias tende a diminuir a QV nos domínios, Físico (t=-
1,991; p=0,049) e Psicológico (t=-2,104; p=0,038). O tipo de CC evidenciou pior
perceção da QV no domínio Relações Sociais (t=-2,249; p=0,027). Os pacientes com
competência física satisfatória, apresentam melhor QV no domínio Físico (t=-2,577;
p=0,011). Um percurso escolar satisfatório está relacionado com uma melhor QV ao nível
do domínio Meio-Ambiente e no domínio da QV Geral. A correlação entre a QV e a
personalidade, relativamente à CC cianótica os pacientes tem piores níveis de
Amabilidade no domínio Físico (r=-0,486; p=0,001). Na CC acianótica, os pacientes
demonstram piores níveis de Neuroticismo nos domínios, Físico (r=-0,257; p=0,037) e
Psicológico (r=-0,341; p=0,005); de Abertura à Experiência no domínio Psicológico (r=-
0,247; p=0,045); e de Amabilidade nos domínios, Físico (r=-0,439; p=0,000),
Psicológicos (r=-0,421; p=0,000), Meio-Ambiente (r=-0,330; p=0,007) e QV Geral (r=-
0,248; p=0,045). Conclusões: Os pacientes com CC tendem a percecionar uma melhor
QV, quando não realizam intervenções cirúrgicas, quando apresentam CC do tipo
acianótica, quando apresentam uma competência física satisfatória e quando apresentam
um percurso escolar satisfatório.