Viver com lombalgia
Abstract
A atenção e interesse despertados pelo fenómeno da dor crónica têm vindo a crescer, tanto na
comunidade médica e científica, como para o próprio doente e seu seio familiar. A dor
crónica é actualmente encarada como uma doença em si e não como um simples sintoma, isto
porque interfere em grande parte na qualidade de vida dos doentes, limitando-lhes as
actividades, tanto profissionais como sociais. Além dos problemas socioeconómicos que
advêm da incapacidade física decorrente da dor crónica, que provoca por sua vez elevados
níveis de absentismo e a utilização frequente dos serviços de saúde, também a dimensão
psicológica dos doentes é afectada, tornando-os mais ansiosos, mais deprimidos, o que
consequentemente lhes provoca mais dor e sofrimento e uma qualidade de vida que fica
muito aquém do desejado. Interessa portanto explorar as relações existentes entre estas várias
dimensões no sentido de tentar diminuir a dor, minimizando as suas consequências e
melhorando a qualidade de vida do doente.
A presente investigação tem como primordial objectivo verificar a relação entre as diferentes
estratégias de coping dos doentes com dor lombar crónica e a sua percepção de dor e verificar
a relação entre os níveis de depressão e ansiedade e a qualidade de vida. Para verificar as
hipóteses colocadas foram administrados aos 44 doentes com lombalgia, utentes da Unidade
de Dor do Hospital de S. João os seguintes instrumentos: a escala CAD-R (Soriano &
Monsalve, 2002) para avaliação dos estilos de coping; para a avaliação da qualidade de vida
foi utilizada o SF-36 (Ware & Sherbourne, 1992). Para a avaliação da dor crónica foi
utilizada a Escala Visual Analógica (Price, McGrath, Rafii & Buckingham, 1983) e
finalmente utilizou-se o Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) (Zigmund & Snaith,
1983) para medir os níveis de ansiedade e depressão. Este estudo foi um estudo correlacional
e transversal em que se verificaram relações relevantes entre as variáveis estudadas. Importa
ressalvar que a depressão surge com uma variável importante na predição da qualidade de
vida, o que vai de encontro à literatura revista.