Implicações neurocognitivas das cardiopatias congénitas
Abstract
Os avanços médicos e cirúrgicos produzidos nas últimas décadas no tratamento da cardiopatia congénita (CC) provocaram um aumento significativo no número de pacientes pediátricos que sobrevivem, no entanto, pesquisas mostram que crianças com CC apresentam risco de deficits nas funções cognitivas, nomeadamente défices do desenvolvimento neurológico e comportamental O presente trabalho tem como objectivo explorar o desempenho de diversas áreas de funcionamento neurocognitivo em adolescentes com cardiopatia congénita
A nossa amostra é constituída por um Grupo de adolescentes com cardiopatia congénita (CC) (n=32) e um Grupo Controlo (C) (n=17). Aos dois grupos foram aplicados os subtestes: a Memória de Dígitos, ordem directa e inversa, a Chave de Números, da escala de inteligência de Wechsler; a Figura Complexa de Rey, cópia e reprodução de memória; Procura da Chave da Behavioural Assessment of Dysexecutive Syndrome; o Teste de Stroop; o Trail Making Test, parte A e B; e a Memória Lógica da escala de memória de Wechsler.
A presença de cardiopatia congénita demonstrou associar-se a um baixo desempenho neurocognitivo, os indivíduos com CC têm resultados mais baixos do que os do grupo de controlo, nomeadamente na capacidade visuo-espacial, atenção selectiva, focalizada e alternada, memória de trabalho visual e auditiva, velocidade de processamento, flexibilidade cognitiva, planeamento, organização e resolução de problemas, e dificuldade de inibição das respostas automáticas.
Este estudo demonstra que a atenção, capacidade visuo-espacial e as funções executivas estão alteradas nos jovens com CC, conclusões similares a estudos anteriores o que vem reforçar a necessidade de aprofundar as consequências neurocognitivas da CC.