Saúde física e sintomatologia psicopatológica num grupo de desempregados: um estudo comparativo
Abstract
Este estudo surge impulsionado pelo cenário actual do decréscimo de saúde física e mental associado ao impacto da crise financeira e em particular com a inactividade laboral que se verifica quer a nível internacional quer nacional.
Este estudo tem como objectivo analisar as diferenças entre um grupo de desempregados e um grupo de empregados relativamente aos dados de saúde (à utilização de serviços de saúde e aos comportamentos de saúde), às dimensões de psicopatologia e comparar os níveis de psicopatologia entre os desempregados de curta e longa duração. O estudo empírico foi efectuado junto de uma amostra de 200 indivíduos sendo que 100 indivíduos são empregados e 100 desempregados, provenientes do concelho da Póvoa de Varzim. Foram utilizados um questionário sociodemográfico; o questionário The Pill (Almeida, 2002) e o questionário BSI (Canavarro, 1999).
Os resultados indicam que os indivíduos desempregados recorrem mais ao serviços de saúde do que os empregados e que os indivíduos desempregados consomem mais medicação que os indivíduos empregados. Não se encontraram diferenças quanto aos comportamentos de saúde entre estes dois grupos. Constatou-se que os indivíduos desempregados apresentavam níveis mais elevados de somatização comparativamente aos indivíduos empregados. Relativamente, à sintomatologia psicopatológica entre desempregados e empregados, foram encontradas diferenças nas dimensões: somatização, obsessão, sensibilidade interpessoal, depressão, ansiedade, hostilidade, ideação paranoide e psicoticismo. No grupo de desempregados não foram encontradas diferenças na sintomatologia psicopatológica entre os desempregados de curta e longa duração.