Estudo dos preditores da agressividade entre pares em contexto escolar no primeiro ciclo
Abstract
É crescente o interesse pela temática da agressividade em contexto escolar, devido à visibilidade do fenómeno e à preocupação que os diferentes intervenientes no contexto educativo têm tido perante as suas manifestações.
O nosso estudo teve como primeiro objectivo analisar a agressividade entre pares no contexto escolar ao nível do 1.º ciclo e, assim, averiguar os níveis de vitimação e de comportamentos agressivos dos alunos. Em segundo lugar, foram analisadas as características intrapessoais, interpessoais e contextuais de agressores e vítimas, que poderão funcionar como factores de risco e protecção nas dinâmicas de agressividade/vitimação. O estudo está organizado em duas grandes partes. Na primeira é apresentado o enquadramento teórico, através de algumas teorias explicativas da conduta agressiva em idade escolar, seguida de uma resenha teórica centrada na agressividade no contexto escolar, e posterior análise dos factores de risco e protecção associados a esta problemática. Na segunda parte é descrito o estudo empírico efectuado junto de uma amostra de 211 alunos do 1.ºciclo do ensino básico. Foram utilizados três instrumentos de avaliação para proceder à recolha de dados: o questionário “Bullying/agressividade entre os alunos na escola” (Oliveira & Tomás, UM/CEFOPE, 1994, in Cunha, 2005); o questionário sobre Factores de Risco e Protecção da agressividade em contexto escolar de Quintas, Macedo e Dias (2010); e a Escala da Silhueta Corporal de Stunkard et. al. (1983, in Levandoski, 2009)
Os resultados permitiram afirmar que os rapazes são os mais agressores, que os agressores apresentam mais comportamentos desajustados face aos não agressores, e que a presença de condutas desviantes dos pares influencia positivamente o comportamento agressivo. Não foram encontrados resultados estatisticamente significativos que permitissem afirmar que a presença de suporte parental influenciava negativamente a conduta agressiva. Confirmou-se que as vítimas têm uma boa percepção da norma e uma percepção menos positiva da escola face às não vítimas. Não foi possível confirmar as hipóteses que tentavam verificar uma relação entre o sexo e a vitimação. Também não se confirmaram as hipóteses que comparavam os grupos vítimas e não vítimas, e o grupo agressores e não agressores, com os níveis de satisfação com a imagem corporal. Contudo, os resultados obtidos para hipótese referente ao grupo agressor/não agressor, indicaram uma orientação diferente da proposta, verificando-se que o grupo dos agressores tem uma auto-imagem negativa face aos não agressores.